A África vale mais do que as suas imagens de guerra, de fome, de pobreza, e de doenças. ela é tambem um um continente de beleza natural, rico de recursos, de um povo caloroso e generoso e de uma vida culturalmente muito dinâmica. A África é um conjunto heterogéneo onde as condições variam consideravelmente entre regiões e países assim como no interior desses mesmos países.
Todavia, existem indicadores internacionais que reflectem o contexto no qual os actores culturais vivem e trabalham no continente africano; os quais acarretam desafios mas, tambem, servem para modelar as suas actividades.
O índice da Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Humano, que mede a esperança de vida, a alfabetização, a educação e o nível de vida, sublinha que 38 países dos 182 no mundo inteiro têm um nível de vida muito elevado em desenvolvimento humano. Mas nessa categoria, não figura nenhum país africano.
A Líbia é o único país africano na lista dos 44 países com uma categoria elevada de Desenvolvimento Humano com a esperança de vida de 55 anos. Na Líbia é possível viver até a idade de 77 anos, mas o país sofre de uma terrível ausência de democracia e tem um recorde muito pobre no capítulo dos direitos humanos.
Dos 50 países classificados como os últimos no Indice de Desenvolvimento Humano, 39 são do continente africano e isso não inclui o Zimbabwe e a Somália por causa de dados não disponíveis. Mais de ¾ dos países do continente africano estão entre os países com a taxa mais baixa em termos de esperança de vida no mundo. Mesmo a África do Sul, com a sua grande economia, estando entre os maiores crecimentos económicos do continente ,e com as suas 4 eleições livres e democráticas, está classificada em 129, sobre os 182, a nível do índice de Desenvolvimento Humano. O que reflecte as dificuldades com as quais se confrontam os países nos quais a economia é muito mais restringida. Um terço dos países africanos tem uma esperança de vida média de 50 anos ou menos.
Menos de 15 países são considerados como democracias com eleições livres, sendo 27 ( a metade dos países africanos) reputados como pseudo-democracias (denocracias no papel onde governos e autoridades não permitem a mudança pelas eleições) e perto de um quinto são ditaduras, ou seja, sem eleições ou com eleições de partido único. Este estado de coisas tem implicações sobre a prática e o respeito pelos direitos humanos em África.
Actualmente, existem conflitos em mais de 7 países africanos e enormes recursos são dispendidos ou perdidos nesses conflitos em vez de serem investidos no desenvolvimento. Numerosos conflitos revestem um carácter cultural. Se não é um conflito entre cristãos e muçulmanos na Nigéria, é um conflito eleitoral ou político, por exemplo, no Quénia ou na Costa do Marfim; ou é a xenofobia em África, por exemplo.
Um terço dos países africanos celebram seus 50 anos de independência em 2010. Portanto, os Objectivos do Milénio para o Desenvolvimento ressoam mais com a experiência africana. Objectivo 1: Reduzir a extrema pobreza e a fome. Objectivo 2: Assegurar a educação primária para todos. Objectivo 3: Promover a equidade de género e a autonomia das mulheres. Objectivo 4: Reduzir a mortalidade infantil. Objectivo 5: Melhorar a saúde materna. Objectivo 6: Combater o VIH/ Sida, o Paludismo e outras doenças. Objectivo 7 : Preservar um ambiente durável. Objectivo 8: Pôr em cena uma parceria mundial para o desenvolvimento.
Os principais desafios do continente africano são a pobreza ( maioria das populações vive com menos de 2 dólares US por dia), a falta de democracia e de respeito pelos direitos humanos, bem como a ausência de competências, de alfabetização e de educação requeridas para conduzir e manter um desenvolvimento multi-sectorial.
Enquanto isso, o continente está sujeito a uma concorrência das forças geopolíticas (USA, UE, China, Brasil e Índia) que vêm os recursos naturais da África como principais recursos para o seu futuro crescimento económico e desenvolvimento durável. Esta concorrência e os interesses mundiais engendram outros desafios para o género de desenvolvimento que virá a existir em África e o crescimento ou o género de democracia e os direitos humanos no continente.